O mistério do casamento.

 


Aos 18 anos eu finalmente admitia... eu aprendi tudo errado.

Sempre me disseram: você escolhe, Deus aprova ou não.

No meio das lágrimas eu reconhecia: “Pai, eu não sei escolher... escolhe pra mim!”

Nessa mesma noite sonhei com minha cerimônia de casamento.

Eu sou filha de pastores missionários e tínhamos uma igreja que estava em crescimento nesta época.

A igreja do meu sonho, era uma que existia na mesma rua e ela estava reformada no sonho.

Consegui ver a parte da cerimônia em que os convidados esperam pela noiva e eu via por trás do noivo.

Isso me deu várias pistas: sobre a provável origem dele em sua cultura cristã, afinal por que eu não me casaria na igreja dos meus pais?

A altura, tipo físico, postura, sim.... Eu o reconheceria de costas quando o visse!

Mas meu coração ainda estava cansado e eu não confiaria nele mais facilmente.

Uma semana depois, atendo no portão um profeta desconhecido.

Baixinho, olhinhos miúdos, sotaque incomum, cabeça branca, um tipo bastante excêntrico como muitos profetas são.

Ele disse que Deus o havia enviado para orar por mim.

Com a autorização dos meus pais ele entrou, orou por minha cura e começou a revelar o futuro.

Ele descreveu meu marido com exatidão: moreno, alto, crente, de família cristã, mas parte desviada, ama música e com ministério incomum.

Nessa altura, eu, de fato nunca tinha visto nem ouvido falar de LIBRAS nem ministério com surdos na igreja.

Por que razão Deus uniria uma cantora com um intérprete de LIBRAS? Parece estranho né?

Com tempo entendi que música se faz com notas e pausas, som e silêncio.

Faz todo sentido construir uma comunicação completa e acessível, sensível e autêntica.

Voltando ao profeta, ele me disse passaríamos provações junto à família de origem dele, que teríamos um filho que nasceria para ser profeta nas nações e então seríamos chamados para missões maiores, que meu marido viria me buscar em casa em poucos dias.

Falta apenas a última parte da palavra profética ser cumprida, mas já cumprimos o nosso IDE online, e em outra oportunidade eu conto o milagre que foi o filho que temos.

Exatamente no dia 28 de julho de 2002, cerca de 40 dias depois da palavra do profeta e 2 dias depois do meu aniversário, eu conheci meu marido Vicente Sérgio, num culto de domingo à noite.

Sim, eu morava na igreja e de fato ele me buscou em casa!

Eu sei que muita gente acredita que não existe amor à primeira vista, mas eu amei cada detalhe que sabia dele antes.

Nos apaixonamos e começamos a dividir nossos sonhos para o futuro até construir uma pequena economia para o casamento.

4 anos depois, nossa cerimônia foi mesmo na igreja reformada da rua, que era a igreja dele, mas as dificuldades e resistências provaram nossa fé e nosso amor até o fim.

Enfrentamos muito ciúme nessa igreja e nas nossas famílias, alguns estavam de mal no dia cerimônia.

O “irmão” dono do Buffet que contratamos sumiu do mapa com nosso dinheiro um mês antes da cerimônia.

O fotógrafo que escolhemos usava o portfólio do pai para angariar cliente e de fato não sabia o que estava fazendo com a recém-lançada máquina digital.

E essa parte foi a que doeu mais...


Aprendemos que TODA promessa de Deus enfrenta resistência.

Por fim ignoramos as caras feias na certeza da bênção do Senhor, ganhamos das irmãs da igreja dele a mão de obra para o bolo de corte e uma decoração mais simples também.

Rosas vermelhas no lugar gérberas.

Nessa época eu nem fazia ideia de que rosas vermelhas eram parte do antigo brasão da minha família e hoje está representado de forma estilizada na nossa marca.

Sem as fotos profissionais artísticas a impressão que temos é que todo o esforço foi em vão.


Por causa dessa mágoa fui aprender fotografia no curso da Cruz Vermelha.

Vicente gostou muito do que eu aprendi e foi participar da segunda turma.

Não satisfeito ainda levou 5 amigos surdos para aprenderem também.

Foi lindo e inspirador.


A partir daí, compramos alguns equipamentos básicos, eu me especializei em luz, fotografia de bastidores, detalhes, produção e edição.

Desde que me formei em 2014, uma vez por ano fazemos uma entrega gratuita do nosso trabalho para realizar o sonho de algum casal conforme Deus nos toca e segundo a palavra em Deuteronômio 14: 22. “Separem o dízimo de tudo o que a terra produzir anualmente.”

No nosso caso, não somos mais agricultores e cuidadores de gado como nossos antepassados foram. Nós produzimos arte e com ela dizimamos na vida de casais que cultivam lembranças felizes e bonitas que nós.


Eu escolhi confiar na escolha de Deus para mim.

Escolhi confiar no exótico, no criativo, no imponderável, no inédito.

Nossa história jamais será doutrina, mas uma ode de fé para que outros também depositem seus corações, esperanças, decepções e anseios aos pés de Jesus permitindo que Ele faça tudo novo e ressignifique a dor em serviço ao outro.

Toda expansão tem resistência, toda resistência confirma o lugar da prosperidade.

São 20 anos construindo uma história de amor e vamos fazer 16 anos de casados em 2022.

Não vivemos nossos melhores sonhos ainda, embora nossa herança seja tão linda, mas contribuir para a realização do sonho de outros nos cura enquanto caminhamos e seguimos crendo.

Nossa última oferta será para um casal de vizinhos.

Mas hoje todos nós somos chamados a preparar um outro casamento.

O de Cristo com sua noiva, a igreja.

Assim como nós, Cristo e a igreja sofreram as maiores perseguições ao longo da história e talvez a nossa vida tipifique isso.


“...pois somos membros do seu corpo.

"Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne".

Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja.”

Efésios 5:30-32


Nesse versículo, vemos algo muito lindo: Jesus (o noivo) deixou sua família, pai e mãe; (Deus e o Espírito Santo) para vir construir e se encontrar com sua (noiva), a igreja.

Pensamos sempre nesse versículo de forma humana, né?

Mas o mistério profundo nele contido é que Jesus não tinha casa nem bens, a noiva teria que confiar, ser apaixonada e desapegada.

O jugo moral que vivemos onde todo casal precisa ter casa e condições financeiras para se casar e ser feliz, embora não seja isso uma má ideia, NÃO é biblicamente correta.

Muitos casais viviam em comunidade ao longo do tempo.

Obediência e entendimento sobre cada missão e cada história nos faz andar e romper em fé.

O amor é mesmo um grande mistério, um exercício de confiança!

Precisamos voltar a confiar que um Reino se constrói junto, que somos chamados pra restaurar todas as coisas e encontrar os tesouros escondidos destinados a nós.

Em nós de fato serão benditas todas as famílias da terra.

Reformaremos a igreja de Cristo? Trabalharemos no sonho dela? Reconstruiremos ruínas?

Investiremos nossos dons e talentos para o grande casamento final? 

Meu marido e eu decidimos que nós sim!

No lugar da dor existe a missão.

Aqui está um painel de alguns casais que receberam nosso dízimo artístico como um presente.

Gratidão e honra em servir ao Reino, ao Rei e a seus filhos.



Para ver mais trabalhos acesse:

Vicente Nunes Fotografia


Comentários

  1. Sua experiência enriquece a muitos querida 🙏😘❤️

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    1. Muito obrigada, louvado seja o nosso Deus! 🙏🏻❤️😘

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